Reflexões

Tempos atuais!

Recentemente fui questionado sobre como devemos nos portar diante da crise que se abate sobre o mundo: a Pandemia da COVID-19.

Quem tem a resposta mais adequada? Acredito que, ainda, ninguém!

Eu, com certeza, não a tenho!

Qualquer que seja a caminho a ser adotado, jamais haverá unanimidade entre os gestores, que sempre apontarão os benefícios e malefícios de cada linha de ação. Não há uma receita comum que possa ser aplicada a todas as situações, pois cada país, cada comunidade, tem suas próprias peculiaridades.

A dualidade em debate é: saúde x economia!

Qual dos problemas deve ser enfrentado com maior vigor? Mas são inseparáveis. Um povo sem economia vigorosa adoece. Mas um povo doente não consegue manter uma economia vigorosa. E a nossa estava em processo de recuperação, o que é um fator deverasmente agravante.

Algumas certezas, porém, já estão presentes:

1ª) Não estávamos, e ainda não estamos, prontos para enfrentar com tranquilidade um desafio de tal monta. Os sistemas de saúde ao redor do mundo mostraram-se incapazes de absorver a contento a demanda suscitada por número tão grande de acometidos, e acometidos em estado grave e evoluindo a óbito.

2ª) Não é também a riqueza que determina o sucesso. Mesmo países com grande disponibilidade de recursos financeiros estão enfrentando grandes dificuldades e passando por muitos dissabores.

3ª) Sem a colaboração de todos, inclusive a nível mundial, será muito difícil chegar a um rápido descortinar de horizonte favorável.

4ª) Todas as relações internacionais necessitam ser aprimoradas.

5ª) A ciência não pode ser negligenciada, pois seu atraso pode ter consequência incomensuráveis.

Lock Down, Isolamento Horizontal, Isolamento Seletivo… muito temos ouvido falar. Mas a história ainda está sendo construída… se uma dessas técnicas ou conjunto delas será a mais eficaz só o tempo registrará…

Certo é que a inércia, ou a liberalidade, em agir tem levado a quadros gerais de muito maior gravidade. Temos que agir, é fato. Mas como agir? Eis o dilema.

Some-se a isso, o aumento da demanda mundial por insumos e equipamentos necessários ao tratamentos dos pacientes, aliado à práticas comerciais predatórias onde contratos estão sendo cancelados por motivos não muito bem explicados, do quase monopólio na produção dos mesmos e do aumento injustificados dos custos de aquisição nos trás uma necessidade premente de alterar todo o arcabouço de conhecimento sobre o qual se assentou o comércio mundial.

E nós? Qual o nosso papel?

Individualmente, devemos ter a consciência de que um governo não pode tudo. E que, ao final, nós, e aqueles que nos são caros, é que sofreremos as consequências diretas dos atos que praticarmos, de forma espontânea ou por determinação legal.

CONSCIÊNCIA!

É ao que devemos nos ater e obedecer. Manter-se isolado dentro das possibilidades! Tomar providências quando não possível – uso de máscaras ou outros equipamentos de proteção quando disponíveis e necessário e observar o distanciamento social quando em atividade, por exemplo.

Podemos não impedir a contaminação, pois ainda não sabemos como fazê-lo com eficiência, mas podemos atrasá-la e dar tempo ao sistema de saúde para se adequar para receber aqueles que dele necessitarem.

Não é a questão se teremos ou não milhares de pessoas contaminadas, mas sim o momento em que estes contaminadas necessitarão dos recursos hoje disponíveis. O congestionamento no acesso a esses recursos fará com que muitos não consigam acessá-los e, infelizmente, virem a óbito. É o que vimos em diversos países e já estamos vendo no Brasil.

O que espero é que, ao final, sejamos resilientes.

A Resiliência é uma propriedade física que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. Essa pandemia pode nos vergar, mas iremos sobreviver. E se aproveitarmos este momento de reflexão, podemos melhorar.

Temos que persistir. A Persistência, na enologia, é a qualidade de um vinho preservar suas características de aroma e sabor após muito tempo de aberta a garrafa.

Somos únicos, num mundo único. Mas somos parte de um todo.